15.10.22

Meus Escritos # O que me trouxe até aqui

Com 6 anos, fui ao meu primeiro dia de aula, tão ansiosamente empolgada que mal lembro se era uma segunda-feira ensolarada ou uma quarta. Meu objetivo já estava traçado, minha cabecinha de criança já criara o melhor roteiro... Estudar até a faculdade sem repetir ou perder tempo com trivialidades, me tornar uma excelente professora, morar sozinha em uma casa grande e aconchegante, cheia de livros e cachorros.


Com 9 anos, fiz minha primeira viagem, desde que tinha começado a estudar, uma viagem para uma casa pequena e com buracos. Um fato que não era levado em conta quando lembravam-me que eu não tinha direito a pensar em certos detalhes... Mas eu pensava, então comecei a escrever...


Aos 13 anos voltei para minha cidade natal, que continuava igual a antes, um pouco mais seca, apenas... Meu plano continuava o mesmo e eu estava seguindo-o à risca. Aí as reviravoltas começaram. Mudei de escola, entrei no Ensino Médio, 3 anos de muitas aventuras triviais, fui dançarina, escritora, poetisa, atriz, autora, jovem aprendiz, produtora, cortei o cabelo, mudei esmalte, arranjei um namorado.


Com 16, entrei na faculdade, como planejado, sem repetir nenhum ano, mas quanto a questão das trivialidades... não posso dizer o mesmo. Aos 18 comecei a repensar meus planos... As coisas continuavam caminhando para sua concretização? Sim! Do jeito que havia traçado? Nem tanto! Agora eu não estava mais sozinha e em compensação estava mais livre, mais leve e até mais viva. 

Enfim com 19, casada, na metade do caminho para a formação acadêmica, sendo professora, morando em uma casa grande, cheia de livros e com planos para um cachorro, com uma bagagem de experiências "triviais" nas costas de assustar elefantes, posso dizer a você com toda certeza que... trivialidades não são perda de tempo, são liberdade. Elas nos ajudam a nos ajudar, nos deixam livres quando a gravidade nos puxa para o fundo de nós mesmos e de nosso egocentrismo. Aos 19, eu continuo com a mente mais madura do que o esperado para uma menina de 6 anos, mas com um pouco mais de leveza, continuo escrevendo como nunca, mas sem buscar perfeição em nada e, principalmente, continuo com a mesma vivacidade que conheci quando as trivialidades começaram.

*Escrito numa aula de Literatura, em 2020.

2 comentários:

  1. Que correria doida!!! Eu me senti lendo "Cem anos de solidão", que possui uma escrita corrida, que precisa de fôlego para não perder o ponto. Gostei, Edivânia!!!

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