19.10.22

Eu li "Outros Jeitos de Usar a Boca" da Rupi Kaur


'Outros Jeitos de Usar a Boca' pode parecer um livro de leitura rápida, mas vai por mim… não é, principalmente se você for mulher. Mastigar aqueles escritos leva tempo e lentidão… em muitos dias, eu não consegui ler mais que duas páginas. Precisava de tempo para matutar os sentimentos que tais palavras causavam em mim.. e, enfim, a leitura terminou, Rupi Kaur é uma escritora imigrante da índia que mora no Canadá, com muitos talentos além da escrita pois ela também usa ilustrações, designs, fotografias e vídeos para se expressar. E isso é lindo. Nesse livro mesmo, nós temos várias ilustrações feitas pela autora o que torna mais proveitosa ainda o processo de leitura e reflexão;  

Gostei muito do livro, ele fora feito para refletir. Assim como o livro do Luan Barbosa, é um compilado de processos. Que vão da dor até a cura, passando pelo amor e pela ruptura… é uma estrada longa, eu diria.. se fosse pra resumir em uma palavra, essa palavra seria “sobrevivência” ou “resiliência”, pois ambas mostram a nossa capacidade de levantar das piores quedas, sair dos buracos mais fundos que cavamos e são cavados em nós. 

Achei interessante como ela conversa com os leitores em algumas partes e como terminou. Me senti acalentada… e, apesar de muito pesar as palavras dela na minha mente, fiquei feliz por perceber que junto com ela… com o coração batendo por meio das palavras, nós também nos curamos, refletimos e passamos estágios. Isso foi magnífico… assim como o livro do Luan Barbosa, que cito, por ter sido minha primeira leitura e pelos temas parecidos, Outros Jeitos de Usar a Boca deve ser manuseado com cuidado e atenção… talvez fosse uma leitura mais dolorosa se eu tivesse sofrendo por algo.. Mas, sem sombra de dúvidas, é uma leitura necessária. 


Título: Outros Jeitos de Usar a Boca

Título original: Milk and Honey

Autor: Rupi Kaur

Tradução: Ana Guadalupe

Editora: Planeta

Número de Páginas:  208

Ano de Publicação: 2017 


E vocês, já leram?

O que acharam? 



17.10.22

Eu li "Inúmera" da Daniela Galdino

 



"Eu tenho atalhos ainda não percorridos. 
Eu tenho palavras desgastadas e nulas.
Eu tenho uma voz penífera e cortante." 

Inúmera é o segundo livro de poemas da escritora, performer, poetiza, mobilizadora cultural, feminista e pesquisadora baiana Daniela Galdino - a quem tive o prazer de conhecer pessoalmente - 💜
Tal obra organizada em cinco partes, traz à tona e procura captar as nuances desse majestoso universo feminino, com tudo de bom e de ruim que há. Fazendo-nos perceber nos personagens (eu-líricos) o nosso eu possuidor de desejos, por vezes proibidos, possuidor de abismos que servem de esconderijos e acima de tudo nos fazendo enxergar a nós mesmas como humanas, com sentimentos fortes. 

A linguagem poética de Galdino é bem direta, pode até assustar algumas pessoas, é fato, não espere pompons. Cada qual escolhe ao seu modo como quer apresentar sua arte, e nós, leitores, estamos aqui para conhecer tudo e de tudo. Tal livro é uma inspiração para uma indagação do que e de quem somos. vasculhando em nós mesmos, corpo e alma para para encontrar uma resposta, buscando nas palavras o nosso eu. 


E vocês, já leram? O que acharam? 

15.10.22

Meus Escritos # O que me trouxe até aqui

Com 6 anos, fui ao meu primeiro dia de aula, tão ansiosamente empolgada que mal lembro se era uma segunda-feira ensolarada ou uma quarta. Meu objetivo já estava traçado, minha cabecinha de criança já criara o melhor roteiro... Estudar até a faculdade sem repetir ou perder tempo com trivialidades, me tornar uma excelente professora, morar sozinha em uma casa grande e aconchegante, cheia de livros e cachorros.


Com 9 anos, fiz minha primeira viagem, desde que tinha começado a estudar, uma viagem para uma casa pequena e com buracos. Um fato que não era levado em conta quando lembravam-me que eu não tinha direito a pensar em certos detalhes... Mas eu pensava, então comecei a escrever...


Aos 13 anos voltei para minha cidade natal, que continuava igual a antes, um pouco mais seca, apenas... Meu plano continuava o mesmo e eu estava seguindo-o à risca. Aí as reviravoltas começaram. Mudei de escola, entrei no Ensino Médio, 3 anos de muitas aventuras triviais, fui dançarina, escritora, poetisa, atriz, autora, jovem aprendiz, produtora, cortei o cabelo, mudei esmalte, arranjei um namorado.


Com 16, entrei na faculdade, como planejado, sem repetir nenhum ano, mas quanto a questão das trivialidades... não posso dizer o mesmo. Aos 18 comecei a repensar meus planos... As coisas continuavam caminhando para sua concretização? Sim! Do jeito que havia traçado? Nem tanto! Agora eu não estava mais sozinha e em compensação estava mais livre, mais leve e até mais viva. 

Enfim com 19, casada, na metade do caminho para a formação acadêmica, sendo professora, morando em uma casa grande, cheia de livros e com planos para um cachorro, com uma bagagem de experiências "triviais" nas costas de assustar elefantes, posso dizer a você com toda certeza que... trivialidades não são perda de tempo, são liberdade. Elas nos ajudam a nos ajudar, nos deixam livres quando a gravidade nos puxa para o fundo de nós mesmos e de nosso egocentrismo. Aos 19, eu continuo com a mente mais madura do que o esperado para uma menina de 6 anos, mas com um pouco mais de leveza, continuo escrevendo como nunca, mas sem buscar perfeição em nada e, principalmente, continuo com a mesma vivacidade que conheci quando as trivialidades começaram.

*Escrito numa aula de Literatura, em 2020.

Meus Escritos # Sobre as rosas

É uma mistura de espinhos e delicadeza

por isso gosto das rosas

elas parecem comigo. ~ 

Meus Escritos # ELA - COLECIONADORA

Ela que às vezes finge ser forte, às vezes é.

Que chora no quarto pra rir na multidão

Que esconde nos olhos algumas verdades

Pois sabe que é onde quase ninguém ver

Que não sabe dizer não, mas às vezes diz, assim... sem saber

Ela coleciona fatos, sonhos e pensamentos

Coleciona palavras por medo de serem levadas no vento

Tem algumas memórias que são difíceis de esquecer

Tem alguns momentos que seu desejo é reviver

Às vezes mulher menina, às vezes menina mulher

Ela que não cabe em si, mas não se abre ao mundo

Que pensa não ter nada... mesmo sendo o tudo

Que luta pra viver do jeito que gosta

Que pode não aguentar, mesmo assim, suporta

Ela que já pensou ser princesa, já sonhou em fugir

Colecionadora, guarda tudo em si

Silenciosa, quase nada sabem dela

O que a maioria sabe apenas é que ela... é ela. 


*Poema escolhido para fazer parte de uma edição da APLACC, intitulada "Antologia de Poesias Selecionadas" atualmente em processo de produção. 


Meus escritos # Vagamente


Esse foi o primeiro concurso de poesia que eu participei e o primeiro que fiquei entre os finalistas, segue abaixo o poema selecionado para fazer parte dessa obra linda. 


Vaga mente que só pensa em você
Enquanto vagamente pela rua eu vou
Olhando essa gente que anda vagamente as vezes sem por quê
E enquanto elas seguem minha vaga mente segue cheia de você.

Eu li "Uns papéis que voam" do Flávio José Cardozo

 

"Uns papéis que voam" é um livro de histórias, de contos, de crônicas... por assim dizer,  escritas com uma linguagem simples e de fácil entendimento, sendo até coloquial em alguns momentos.

Flávio José é um escritor de Santa Catarina, muito bem visto e reconhecido por outros literários de nosso Brasil, como Moacyr Scliar, por exemplo, que é quem faz a apresentação de tal obra.

Foi o primeiro livro de crônicas que eu li, dessas histórias curtas que não fossem poemas, achei interessante como o autor consegue fazer pequenos relatos do cotidiano que, em muitos casos, conversam com nossa realidade e, por consequência, faz-nos enxergar nos personagens as nossas próprias vivências.

A primeira crônica (Melhorou-la) já mexeu comigo, "{...} poxa vida, há quem subverta e até estropie a língua com mais graça - e de graça" e não é que é mesmo?! Pensei, outros textos também me chamaram atenção... Não fui cativada por todos os escritos, o que não quer dizer que você não seja, mas reconheço que, de maneira simples, Flávio José trata de temas grandes, traz lições de vida interessantes e nos leva à memórias de acontecimentos parecidos em nossas vidas, fazendo-nos refletir a partir do olhar dos personagens.

Eu li "Minhas rimas de Cordel" do César Obeid

 

Trazendo destaque a essa linda cultura nordestina, "Minhas rimas de cordel" é um livro que passa por temas como folclore, cultura popular, crendices e umas charadas para nos fazer matutar..

É interessante como, apesar de focar nesse gênero tão tipicamente nordestino, Obeid consegue tratar de diversidade cultural com uma desenvoltura incrível, sobre o escritor, diferente do que você possa ter imaginado, não é nordestino, Cesar Obeid é paulista, um grande palestrante, contador de histórias, poeta... que passa seu talento ao público por meio de cursos online.

Ao ler "Minhas rimas de cordel" você estará caminhando por dentro dessa nossa cultura tão linda, que é a nordestina e por que não... brasileira, afinal todo lugar tem suas crendices, seus provérbios e adivinhações que perpassam gerações.

Eu li "OBAX" de André Neves

 

Continuando a saga de desbravamento da minha estante, chegamos a "Obax", escrito e ilustrado por André Neves, é um livro curto, cheio de ilustrações, muito lindas... por sinal, que trazem o colorido das savanas e nos apresenta um contexto voltado às culturas de tribos africanas, que de acordo com o próprio autor, foi a maior inspiração para tal livro.

O que falar sobre Obax?! Uma garotinha muito curiosa e vivida, apesar da pouca idade, muitas aventuras interessantes contadas e imaginadas pela personagem, mas um único problema, quase ninguém acredita nelas e, em alguns casos, nem mesmo as outras crianças. É uma história que aborda, com uma sensibilidade surpreendente, caso reflitamos sobre, a importância da valorização da imaginação e... focando no público destinado, deveria nos mostrar que precisamos ter um olhar mais atencioso com nossas crianças, nos atentar mais a essa criatividade encantadora que elas têm e não repudiá-las como o pessoal da aldeia faz com Obax.

Sobre o escritor, André Neves é recifense, muito bem premiado por suas obras, com prêmios na estante como Jabuti, Açorianos e Prêmio Speciali. É muito interessante ver que assuntos tão emblemáticos e complexos, como cultura, como pluralidade cultural mesmo, aceitação, podem ser abordados e/ou inseridos no mundo infantil, André Neves foi ótimo nessa criação, agora, cabe a nós fazer bom uso delas, entendendo que, como adultos, não devemos repreender ou demonstrar que não acreditamos nas criações imaginativas de nossas crianças (e no meu caso, dos meus alunos) e, como professores, devemos sempre conhecer os pormenores do que levamos pra sala de aula para irmos além de uma breve leitura e desde muito cedo, inserirmos nossos pequenos nesse mundo multicultural que nos cerca e, por que não, nessas tantas criações imaginárias que existem por aí? Ensinando que maior que as diferenças de vivências deve ser o nosso respeito sobre elas.

Eu li "O Olho de Vidro do Meu Avô" de Bartolomeu Campos de Queirós

 




Primeira palavra depois dessa leitura: Surpreendente!!!

"O olho de vidro do meu avô" é um livro que tenho na minha estante faz muito tempo, mas nunca me interessei muito pra ler, nem sei por qual motivo. Pois bem, em uma organizada geral da vida, resolvi ler os livros que tanto pediam atenção, fiz uma lista, uma determinada organização para ler todos... sem falta. Aí chegou o dia de ler esse, nem tão pouco esperado, Bartolomeu..

Confesso, que não esperava muito da história, mas gente, como eu estava enganada! Há reflexões lindas ao longo de todo o texto, a leitura é super fluída e de minutos, acho que passei uns 30 minutos lendo e terminei o livro.
O autor consegue, surpreendentemente, de maneira bem simples, tratar de assuntos tão grandes como a família, a saudade... ao mesmo tempo que vai nos fazendo imaginar, junto com o narrador, os mistérios por traz do olho de vidro do avô dele, é uma leitura muito proveitosa, uma narrativa poética, cheia de significado e emoção! Leiam e surpreendam-se também.