26.12.22

Meus Escritos # Palavra

Aprendi usar as palavras para repensar

Não que seja fácil dentro delas me notar

É preciso capacidade pra nas entrelinhas buscar

E com destreza, meus pedaços encontrar

Não escrevo só de mim, apesar de tantas dores

Também falo do amor e da beleza das flores

Misturo-me aos espinhos, escondo meus sentimentos 

Por vezes ela sou eu, eu sou ela em momentos

A palavra é minha amiga e inimiga o pesar

Que as mesmas acarretam, quando a dor em meu olhar

Carregam sem cerimônia, explanam um elixir

Da dor que ousa em doer mesmo sem mais existir

Por isso nesse poema quero com grande esmero

Agradecer as palavras que acompanham o desespero

De quem sente tudo ao máximo e não consegue repelir

E faz das mesmas palavras... a cura, o resistir.



Poema publicado no livro "Antologia Poesias Volume I" pela Editora Vila Rica 

ISBN: 978-658637-915-0

3.12.22

# Aluno Destaque #1

O aluno destaque dessa semana é muito especial pra mim, a mudança de pensamento que me foi causada por ele nunca será esquecida. Ele é o Antônio, um dos meus alunos deficientes, por isso, não vou trazer aqui um texto escrito por ele, apesar de, na semana passada, Antônio ter escrito pra mim, em braille, esse relato. 
Era uma aula, como todas as outras, mas a atividade levada por mim fora um pouco diferente, levei a seguinte questão pra eles "Como seria o mundo se todas as pessoas fossem iguais a você?", de imediato, causou estranhamento e as respostas foram as melhores - foi justamente por causa desses textos que resolvi criar o "aluno destaque" - deixei os outros escrevendo e pensando no assunto e fui conversar com o Antônio sobre isso, sentei ao seu lado e perguntei "E aí, Antônio, eu pedi pros seus colegas escrevem um texto falando sobre isso, você poderia me falar, me dar a sua opinião?" Então, depois de pensar um pouco, o Antônio me diz que um mundo cheio de pessoas como ele seria um mundo com mais acessibilidade, com mais rampas e marcações no chão para todos conseguirem andar mais livremente e com mais amigos e pessoas pra conversar. No momento, eu fiquei sem palavras com a força daquela resposta. Não sabia o que dizer, pois numa sala de 45 alunos percebi que o Antônio ficava sozinho, principalmente quando o Matheus, também deficiente visual, faltava. Depois de um breve silêncio ficamos conversando sobre esse mundo e sobre as vivências do Antônio, que é muito viajado, por sinal. 

Resolvi iniciar o aluno destaque com você, Antônio, pois o seu relato, que agora está escrito e guardado aqui comigo, foi o primeiro que me emocionou. 
Você vai longe, ainda!